Profano o espaço. que será. seja. um caminho. vereda de memórias.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Matança

as patas atadas a nó firme o cordel em cruz

o sol a pino árvore pingando sangue na cal da parede

à sombra mansa do pinheiro a lã vermelha luz

o homem cospe depois bebe vinho mata a sede

verga-se à faca afia-a em pedra lisa cinzenta

olhando uma estrela branca na cabeça do carneiro

o sangue de rompante é a degola do primeiro

a faca a prumo na garganta a pele soprada

a faca esquartejando o sangue no terreiro

a carne viva o suspender na trave cruzada

cobrindo de vermelho um véu de espuma

ainda o carneiro os olhos como bolas

retirados a desvio de faca rente com o riso complacente

de quem tudo esventrou por dentro

os olhos agradados das crianças

escondidas ou afastadas da matança

pedindo por esmolas ou jurando sempre jejuar

espreitando e recolhendo as raparigas as tranças

os rapazes olhando cobrindo os olhos do calor

cumpri um dever no meu cadáver - disse o homem

obscuro impenetrável atirando os braços ao ar

como se estar vivo fosse nascer para matar

e ver os outros desfrutar no palreio no conversar

e rindo vendo as crianças já ao longe a dançar

ou fazendo cada uma delas a sua cova de balde e pá

e os cães deitados no chão atendessem ao chamamento

e se afastassem correndo ao portal

para que o ar bulisse de momento

8 comentários:

isabel mendes ferreira disse...

não acredito!!!!!



(tanta beleza MATA!!!)


__________________.

cheguei agora.

e mal tive tempo para me refazer do espanto/encanto.


volto.

amanhã e sempre.

encantada.


boa noite.

Profano.

:) cordialmente.

Cristina Gomes da Silva disse...

Boa! Já cá estás. São sete e meia da manhã e vou pôr as meninas à escola. Volto à tarde para ler tudo. Fiquei contente. Obrigada Isabel que fez o nosso amigo sair da casca.
Abracinhos aos dois

Anónimo disse...

pois mata! também agradeço à isa. assim posso variar as leituras e cada vez para melhor. parabéns!

José Pires F. disse...

Talvez um dia, haja um sitio indicado pela Isabel que não me encante. Talvez um dia...
Quem assim escreve, deve forçosamente por aqui andar.

Deixo um obrigado pelo prazer que daqui tirei.

Anónimo disse...

o post da "Adélia" não abre a coments????
:((((


paciência.


venho só desejar bons voos...


cordialmente.


.piano.

João Torres disse...

Vou continuar por aqui o meu curso interrompido! Gostei. E de algum modo fez-me regressar à infância quando eu era um dos rapazinhos de que falas....

Gabriela Rocha Martins disse...

não conhecesse
eu
o
teu
poemar
e
perguntaria
quem
é
o excelso?

mas sei



um beijo

isabel mendes ferreira disse...

hoje.


sem saber muito bem porquê...:)

bebo este cálice.



___________

boa noite J.