» Ontem! A queixa dos teus ouvidos... tinhas vindo ao palratório porque só ouvias o uivo dos cães em uníssono ao longe, passos certos de alguém que desafiava na ruela , e o relincho dos cavalos , presos à rédea do pulso das mãos do meu tenente. Morria de sono, não dizia , mas eu conhecia este estratagema quando abandonava a cumeada. Impuseste a tua vontade, embora já não fosse essa a tua condição ; querias ouvir o labor mesquinho daquele sábado, apesar de tudo era quente , aquele Outono, sentias pela frincha do gradeada, a grilheta do sol a medir-se na tua testa, quase não falavas. Vinham trazer-te saudações , confessar-te saudades, e entregar-te oferendas escondidas, coelhos mortos a sacão no pescoço, galinha depenada e quente , eram cristãos velhos que sabiam da tua condição e vinham de longe para te sentir a mão gradeada, ouvir-te a respiração. Depressa te souberam morta de dor de ouvidos , correu a nova pelas aldeias, precisavam de mãe de leite que te pingasse gotas que se contassem em número certo para ouvido interno , não era importante a condição, afirmara D. Brites.
Veio uma mulher morena correndo léguas, querendo acudir-te. Deixou para trás muitas Casas, e pingou-te na presença das demais noviças, murmurando sem rosário um caudal de palavras obscuras . Falou da nóz da tua orelha num descuido, achou-a perfeita de linhas e contornos e abalou pelas traseiras, quase fugida. Dizes-me isso porque queres o meu compadecimento , e suprir assim, deste modo a saudade , a minha falta .
Contam-te a cidade liberta, mas ainda mal te corre no mapa do teu sangue.»
Veio uma mulher morena correndo léguas, querendo acudir-te. Deixou para trás muitas Casas, e pingou-te na presença das demais noviças, murmurando sem rosário um caudal de palavras obscuras . Falou da nóz da tua orelha num descuido, achou-a perfeita de linhas e contornos e abalou pelas traseiras, quase fugida. Dizes-me isso porque queres o meu compadecimento , e suprir assim, deste modo a saudade , a minha falta .
Contam-te a cidade liberta, mas ainda mal te corre no mapa do teu sangue.»
5 comentários:
grata
.
.
.
pelas palavras
.
certas
em tempo
e conto
.
um beijo
Que dizer? Não sei, só sei que quero
dizer...
mas faltam-me as palavras.
Continue sempre a escrever e partilhar connosco esse seu talento.
Clo
e
depois
?
o espanto
.
no meio
um beijo
( adivinhado )
"correu a nova pelas aldeias, precisavam de mãe de leite que te pingasse gotas que se contassem em número certo para ouvido interno , não era importante a condição, afirmara D. Brites."
eu, insábia, ao contrário da d. brites, digo que desta prosa saltam nervos e ossos. sangue e pétalas.
e
mais não sei. a não ser que gosto.
_____________um bjjo.
um q.q. acidente estranhíssimo mas que acontece aos "tantans", levou o seu mail por terras de ninguém....
_______________
se tiver a gentileza, pode dar-me?
.
obrigada.
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